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DÉBORA MEDEIROS DE ANDRADE

( BRASIL – SÃO PAULO )

Corpo cantante, dançante e escrevivente.
É psicóloga especialista em educação.
Mestra em Ciências Humanas com pesquisas sobre Educação, Relações Raciais e Subjetividades. A relação com diversas linguagens artísticas traz cores ao meu trabalho, tanto na clínica quanto no desenvolvimento de projetos, eventos e materiais educacionais com foco antiracistas.

Rosas Para Marielle
contos, crônicas e poemas
Seleção e organização PLÍNIO CAMILLO. Co-organização
MIRIAM CASTRO.  Apresentação ANELITO DE OLIVEIRA.
Edição Anelito de Oliveira. Design Augusto de Oliveira. Imagem da capa: Yasmine Evaristo/Imagem, tracing e pintura.  Belo Horizonte – MG: Inmensa Editorial, 2024.
56 p. 
Inclui textos e poemas de Ana Gilda Leocadio, Ana Paula Campos, Benedita Lopes, Caroline Paixão, Cristiane Sobral, Débora Medeiros de Andrade, Diogo Nogue, Fabiana Nasimento, Felix Ventura, Ife Rosa OADQ, Ilma Fátima de Jesus, Irani Ribeiro, Júlio Emílio Braz, Leandro Passos, Luana Levy, Luiza Owhoka, Miriam Vieira,                                                                     Miriam Castro, Mônica Gomes, Negro Du, Neide Lopes, Pedro Machado, Plíonio Camillo, Roberta Borges, Rogério Adriano Silvestre, Sérgio Alves, Sérgio Rosa, Shirley Maia, Sued Fernandes  e  Tatiane Cristina Joaquim de Lima. 
No. 10 869

ABELHA RAINHA

Dia desses uma abelha pousou
no canto superior direito do espelho do meu quarto.
É um espelho grande,
reflete mais que o corpo todo.

Olhei com atenção e notei: ela também me olhava.
Senti um tremor que de primeiro pensei ser medo
(será que vai me picar? se picar, qual a reação?),
depois percebi que era outra coisa.
Reencontro.

Majestosa, zumbizando baixinho,
ziguezagueava pelo espelho,
como que me desenhando,
beijando delicadamente
cada parte do meu corpo.

Doce destreza, movimento ritmado, escorre o mel.
Ela vôo. Por aí de flor em flor levando e deixando o
necessário. Nada a mais. Nada a menos.
Eu ferroa. são menor sinal de ameaça ou tentativa de
(o)pressão, é ferro.

Quis abraçá-la e, quando aconteceu,
algo a alma entendeu
se o corpo que se vire e se revire pra caber.
Por um momento me confundi,
a bela ali em mim, eu de fora olhando
e por dentro tanta coisa...
Mas ele é ele e eu sou eu.
Eu saí pela porta,
e ela vôo pela janela.

*
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Página publicada em setembro de 2024